Mais de Sete casos de violência doméstica registados no primeiro semestre no centro 16 de Junho


Durante o primeiro semestre do ano em curso foram registados mais de sete casos de violência doméstica, no centro 16 de Junho, uma das comunidades alvo da associação Omunga, localizado no bairro 27 de Março da zona alta da cidade do Lobito. Uma das causas mais apontadas pelos membros da comunidade é a falta de entendimento entre os membros do agregado familiar.

No decorrer do primeiro semestre de 2019, foram mais de 7 casos de violência doméstica constatados como sendo os que ocorrem com maior incidência. Segundo as informações dos moradores da comunidade, as mulheres são as principais vítimas de agressões e muitas vezes as crianças chegam a ser afectados no acto das discussões.  

De acordo com uma das moradoras da comunidade, Antónia Ginga, os casos que levam a prática de violência doméstica, são muitos e por motivos muito simples, onde segundo a qual, “as vezes tudo começa numa briga pela falta de entendimento entre os parceiros”.

“São vários os factores que levam a prática de violência doméstica, nesta comunidade, os homens agem com muita violência dentro de casas com as mulheres. As mulheres não têm voz, acabam sendo as mais lesadas e prejudicadas, por serem as principais vítimas dessas agressões”, esclareceu a moradora.

As principais causas apontadas nesta comunidade para a prática da violência doméstica, normalmente é a agressão do homem contra a mulher e os principais factores prendem-se ao uso de bebidas alcoólicas, ciúmes, desemprego, problemas familiares, alegada desobediência ou a falta de condições em casa. Questões de natureza cultural, como seja o machismo estão igualmente na lista.

Mais uma das moradoras da comunidade 16 de Junho que não se pronunciou a respeito do nome, alega que o comportamento dos homens é muito negativo. Porque na sua maioria os maridos não gostam que as mulheres vão visitar os seus familiares, concluiu.

Muitas delas vivem oprimidas não tomam nenhuma palavra, ou seja, voz nas reuniões que se realizam na comunidade, pois se exporem algum problema também é motivo de uma discussão e agressão física.

Segundo a coordenadora do projecto Ekwatisso, Nilza Sebastião, alegou que a Omunga no âmbito dos problemas constatados da comunidade alvo 16 de Junho, tem-se realizado diálogo com as famílias vítimas dos casos de violência domestica, o que inclui na maioria das vezes homem e a mulher, foram realizados 3 encontros de diálogo na casa dos membros das famílias por meio das visitas domiciliares feitas.

Segundo outro membro da Omunga, Alberto César, a associação Omunga na constatação destas situações está a trabalhar no sentido de criar melhores política de acompanhamento dos casos de violência doméstica. O mais comum que se tem feito é o aconselhamento com os membros do 16 de Junho.

O mesmo alegou que criação de palestras, para informar os membros da comunidade sobre a relação interna entre os casais, porém a violência afecta até as crianças, é um dos passos a seguir. Mas também está a trabalhar no sentido de procurar denunciar, e acompanhar a evolução e monitorar os mesmos ocorridos na comunidade.

A Omunga ano passado realizou 2 palestras sobre estes casos. Agora que está a trabalhar no sentido de entrar em mais colaboração com a administração municipal do Lobito.

Aberto César sublinhou que “há necessidade de se criar uma rede, ou seja em colaboração com vários instituições, por exemplo, Ação social, membros da polícia neste sentido o papel da polícia serviria no sentido de dar palestras mostrando que o papel do agente da polícia não é só prender, mas também, sensibilizar, formar entre outros aspectos”, concluiu.

De acordo algumas constatações da sociologia, as principais causas da violência doméstica estão ligadas a constante alteração comportamental dos agregados da família e têm por base a desestruturação social, económica e tradicional e ainda a mudança no sentido negativo dos valores humanos, sociais e culturais das comunidades.

Verifica-se que emergem outros factores que influenciam a violência doméstica, que decorrem no quotidiano, desde a luta da emancipação da mulher (sua promoção social e profissional). Além disso, verificam-se ainda outros factores relacionados com os desajustes de carácter educacional, que afectam o pensar, o comportamento e o carácter. 

Texto: Manuela Hália

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