A MORTE DE SAVIMBI E O PLANO DE IMPLOSÃO DA UNITA


Texto produzido pelo cidadão Assis I. Baltazar Capamba

A MORTE DE SAVIMBI E O PLANO DE IMPLOSÃO DA UNITA

Morreu em combate Jonas Savimbi, Presidente da UNITA. Foi assim que recebi a notícia da morte de um dos maiores políticos do meu País, pela voz do jornalista Alves Fernandes da RTP África no Telejornal de uma tarde de Sábado, 22 de Fevereiro de 2002.

Eu estava em Paris vindo de Luanda onde acabara de ser eleito pelo Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, na altura liderada pelo Presidente Eugénio Ngolo Manuvakola, para o cargo de Secretário do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA na época, a única reconhecida pelo Governo de Luanda, pela Comunidade Internacional, incluindo a Organização das Nações Unidas. Como um mês antes a propaganda do Governo de Luanda tinha anunciado a morte do companheiro Alcides Sakala e de outros dirigentes da UNITA que se encontravam a resistir nas matas, notícia desmentida posteriormente, não acreditei nesta informação. De seguida, a televisão focou a imagem num homem deitado, humilhantemente exposto às moscas e seminu. Acto contínuo o meu cérebro paralisou ao reconhecer que de facto se tratava mesmo do mítico dirigente com quem eu privava.

O primeiro pensamento que me veio à mente foi o de que o Governo Angolano não era sério ao exibir o corpo de um ser humano daquela maneira, como se de um trofeu de caça se tratasse. O segundo pensamento foi para os seus filhos, cuja educação em Paris ajudei a construir, imaginando como estariam naquele momento de dor a ver aquela horrorosa imagem do assassinato do pai. Mais calmo, cheguei à conclusão de que todo o nosso esforço de legalização da UNITA e procura do diálogo para a solução do problema militar e retorno da ala militar da UNITA aos acordos de Lusaka estava enterrado com o desaparecimento físico de Savimbi. Concretizavam-se assim os planos dos dirigentes de Angola de matar Savimbi e concluírem o seu antigo plano de implosão da UNITA.

Pela posição do corpo e ferimentos no rosto via-se a olho nu que o projétil que o atingira debaixo do queixo e saíra um pouco acima do sobrolho tinha sido disparado à “queima-roupa”, suscitando a dúvida de que tenha sido efetivamente morto em combate, porque depois disso nenhuma autopsia credível foi exibida. Confirmei isso mesmo quando li o Relatório Necrológico difundido pelo antigo “Semanário Angolense” onde constava a assinatura da Dra. Aucília Nachivela Mateus, formada em Biologia na Côte d’Ivoire que, não sendo médica e fazendo parte da derradeira coluna do Dr. Savimbi composta por onze pessoas, foi confundida como sendo sua médica pessoal quando estava sob custódia das Forças do Governo após ser ferida por bala num dos seus membros inferiores.

Confrontada por mim, ela garantiu que não teve conhecimento de qualquer autópsia, afirmando que durante esse período de custódia assinou vários documentos sem poder consultá-los e sem saber para que fins seriam.

É evidente, que a partir deste momento eu que representava a UNITA legal na Europa na altura e os membros da Missão Externa de Savimbi começamos cada qual do seu lado, imediatamente a contestar a forma desumana do seu tratamento “pos-mortem” e acusamos as Forças Armadas Angolanas (FAA) de terem cometido um assassínio. Daí a propalada frase do Governo e das FAA de “uma morte em combate” para se evitarem eventuais represálias e inquéritos da Comunidade Internacional.

No momento da morte do Dr. Savimbi o Governo já estava em posse das comunicações da UNITA. Tinha capturado uma grande parte dos membros da Direcção das suas Forças Armadas, entre eles o seu Chefe do Estado-maior, General Geraldo Abreu Ukuachitembo “Kamorteiro”, que foi exibido na Televisão Pública de Angola (TPA), muito antes da morte do Dr. Savimbi, ao lado de outros Generais capturados como o General Kalias Bravo da Rosa Pedro, filmados numas instalações algures na cidade do Luena.

Foi com este grupo de militares detidos pelas FAA que o Governo começou o seu plano de rendição da UNITA quando o General Lukamba Paulo Gato, com grande sabedoria, fez uma leitura da situação e criou a Comissão de Gestão da UNITA após a morte do Vice-Presidente António Sebastião Dembo e, na qualidade de Secretário-geral da UNITA militar, apresentou às Forças Militares da UNITA a obediência de um cessar-fogo definitivo que foi acatado pelo General Apolo no Norte de Angola que ainda dispunha de elevado poder de resistência militar e pelas restantes forças da UNITA espalhadas pelo País.

Mesmo depois deste glorioso acto do General Lukamba Gato, que evitou o prosseguimento da guerra, preservando a vida dos Angolanos o Governo Angolano ao invés de aproveitar esta ocasião para uma verdadeira união e para elaborar um plano político e militar para a solução de problemas que datavam desde a Independência Nacional em 1975 onde os três Movimentos FNLA, MPLA e UNITA negociaram com Portugal os termos de descolonização de Angola em que o primeiro Governo a formar seria constituído pelo vencedor das primeiras eleições livres, o MPLA optou pela continuação da sua agenda inicial de humilhação da UNITA. Encetou as negociações com os prisioneiros do Luena, infiltrou os seus membros do SINFO entre os simpatizantes da UNITA em Luanda que depuseram o Presidente Eugénio Manuvakola, sabotando assim a sua participação na reconciliação entre os irmãos da UNITA desavindos. De seguida restabeleceu o Comité de Renovação da UNITA (CRU) e a defunta UNITA Renovada, qualificou os Dirigentes da Missão Externa de Savimbi como personagens contra a paz e elegeu o seu Presidente José Eduardo dos Santos como “Arquiteto da Paz”.

No dia 3 de Abril de 2002 à noite, chegou a delegação da Comissão de Gestão da UNITA liderada por Paulo Lukamba Gato com Marcial Adriano Dachala, Isaías Celestino Chitombi, Blanche Vilongo Gomes e outros, para assistirem no dia seguinte, 4 de Abril às dez horas ao “show-off” do Governo Angolano à Cerimónia de assinatura do Acordo de Paz entre o Governo de Angola representado pelo General de quatro estrelas e Chefe do Estado-maior das FAA, Armando da Cruz Neto e o General Kamorteiro que na altura não exibia qualquer patente. Todo o protocolo e escolha de convidados foram feitos pelo Governo. A direcção da UNITA de Manuvakola e os membros da Missão Externa de Savimbi, cujo responsável era Isaías Samakuva, não foram convidados nem fizeram parte das destas negociações.

Savimbi só foi verdadeiramente reabilitado no IX Congresso da UNITA em Agosto de 2003 realizado em Viana, arredores de Luanda, quando os convidados e quase todas as altas figuras do Estado e do Governo de Angola, com excepção do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, testemunharam após a eleição do Presidente Samakuva, esta reabilitação e confirmaram pelo cenário de alegria e aplausos ao líder fundador da UNITA, a grande popularidade e o respeito que gozava no seio da UNITA, o angolano Jonas Malheiro Savimbi.

Jonas Savimbi, além de muito inteligente, amigo do seu amigo e um grande patriota também teve os seus momentos menos bons, muitos pelo contexto da luta violenta, outros pela responsabilidade de condução de pessoas de diversidade cultural e porque não dizer, pela influência do misticismo. Falo do misticismo porque vem sempre à baila o facto da “queima das bruxas”, facto que ocorreu na Jamba e que foi interrompido por intervenção do Engenheiro Ernesto Mulato que pela sua coragem para bem de todos militantes da UNITA, fez com que esse acto não mais se repetisse.

Saliente-se que o feitiço na nossa cultura e para os que nele acreditam, paradoxalmente tomam a bruxaria como um acto deplorável que pode ser punido com a morte. Para os que tal como eu, não seguem essa corrente, qualquer morte intencional ou por incúria é uma violação dos direitos humanos e como tal condenável.

Savimbi era muito organizado, uma pessoa de escuta e que quando um assunto era do seu interesse particular era capaz de ouvir o seu interlocutor por tempo indefinido, dependendo apenas da sua agenda muito ocupada. Savimbi era um grande líder e acima de tudo amava muito o seu País e os Angolanos.

O projecto de MPLA de implosão da UNITA atingiu o seu auge a 31 de Agosto de 1998, data limite que o Estado Angolano dera aos dirigentes da UNITA no Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN) de declararem publicamente a sua fidelidade ao Governo e ao Presidente José Eduardo dos Santos ou abandonar Luanda. Isso devido ao impasse nas negociações entre o Governo e a UNITA mediados pela Missão das Nações Unidas (MONUA) sobre a extensão da administração do Estado aos Municípios do Bailundo, Mungo, Andulo e Nharea, quando a parte governamental ainda não tinha cumprido a sua parte dos acordos de Lusaka, na nomeação dos Embaixadores, Governadores e Vice-governadores, Administradores Municipais e Comunais da UNITA e, principalmente, no desarmamento da população civil, tarefa que deveria ter começado no dia 2 de Fevereiro de 1998.

No dia 1 de Setembro de 1998, dezasseis meses depois da formação do GURN, todos os Gabinetes dos Ministros e Vice-Ministros da UNITA foram encerrados e os seus membros proibidos de entrar nos mesmos sendo-lhes retirado todo o apoio protocolar. No dia seguinte, dia 2, um Ministro e três Vice-Ministros, nomeadamente Jorge Alicérces Valentim, Marcelino Jerónimo Marcolino, Demóstenes Amós Chilingutila e Júnior João, numa tentativa de salvar o impasse declararam em conferência de imprensa o seu afastamento da Direcção da UNITA e formaram o Comité Renovador da UNITA (CRU). Como o número era muito pequeno o CRU decidiu incluir Eugénio Manuvakola, signatário dos Acordos de Lusaka que acabara de fugir do Bailundo no princípio do mês de Agosto. A sua fuga foi feita via Vila Nova acompanhada de toda a sua família porque temia pela sua vida no Bailundo, alegando que Savimbi o tomou como “bode expiatório” pela sua assinatura dos Acordos em Lusaka que eram, diga-se de passagem, desfavoráveis às pretensões de Savimbi.

No controlo de entrada da cidade do Huambo, nas imediações do Cambiote, Manuvakola identificou-se aos militares deste posto avançado, que pela natureza do personagem o mantiveram no local até ao estabelecimento de comunicações com os dirigentes da Província do Huambo que por sua vez informaram as autoridades de Luanda.

Confirmada a identidade do cidadão, o Governo enviou um helicóptero com dirigentes do MPLA que o transportaram directamente para Luanda. Entretanto, começaram a propagandear, nos meios de informação massiva, principalmente a TPA e a Rádio Nacional de Angola, uma grande mentira de que Manuvakola tinha sido libertado do Bailundo pelos Serviços Secretos do MPLA que se confunde com o Estado. Tudo isto para retirar o mérito da acção individual de Manuvakola e para associá-lo ao seu plano de implosão da UNITA.

Só que, Manuvakola não foi na cantiga e assim que chegou a Luanda arregaçou as mangas e, utilizando um termo bíblico, começou a “pregar no deserto”, sobre a necessidade da conclusão dos acordos de Lusaka.

Tanto do lado governamental como do lado da UNITA olharam com desdém para ele quase insinuando que ele fazia isso porque tinha sido signatário destes acordos e agia como se esses acordos fossem o “seu brinquedo”.

Apesar desses constrangimentos ele empenhou todo o seu saber de mobilização até a ruptura unilateral do Governo de Angola à 31 de Agosto de 1998 e a criação do Comité Renovador da UNITA coordenado pelo Ministro Jorge Valentim, um dos negociadores dos Acordos de Lusaka por parte da UNITA, que gozava da simpatia do Presidente da República e dos dirigentes do MPLA.

É por esse motivo que o nome de Manuvakola é associado ao CRU que inicialmente foi apenas criação dos membros do Governo de Unidade Nacional e também porque, dos 4+7, Ministros e Vice-Ministros da UNITA no GURN inicialmente apenas aderiram o Ministro da Hotelaria e Turismo, o mentor da ideia, e três Vice-Ministros, respectivamente do Interior, da Defesa e da Reinserção Social, como atrás referenciei.

As exigências do Governo com a pouca representatividade do CRU aumentaram, primeiro, ao impedirem as actividades políticas do Secretariado provincial da UNITA no Bairro de S. Paulo onde fecharam as instalações e ao exigirem que aos Deputados da UNITA à Assembleia Nacional e aos membros da Comissão Conjunta Politico-Militar de também fazer declarações políticas públicas de ruptura com Savimbi. A intenção foi extensiva aos Generais da UNITA nas FAA, acompanhadas de ameaças, subornos e várias pressões. Mas, tal como em Novembro de 1992 onde a verticalidade do General Isidro Peregrino Wambo Chindondo, que tinha sido o mais alto Oficial da UNITA a parar o conflito armado de Luanda e negociar um cessar-fogo, a postura de isenção dos Generais da UNITA nas FAA, nomeadamente Renato Campos, Domingos Lutoki Liahuka “Wiyo”, Santos Adelino “Wima” e outros, goraram as iniciativas do Governo.

Convém abrir um parágrafo para informar que também houve uma declaração de membros da UNITA em Luanda que se solidarizaram com a Direcção do Presidente Savimbi como o Embaixador Isaías Samakuva, Mártires Corrêa Víctor e o Ministro da Saúde Dr. Anastácio Ruben Sicato. Foi nessa altura que o chefe da UNITA na Comissão Politico-Militar, Isaías Samakuva, os deputados Celestino Kapapelo, Jorgina Sapalalo e outros conseguiram abandonar Luanda. O deputado Celestino Kapapelo regressou ao Bailundo e os outros conseguiram sair do País. No mês que se seguiu o Governo prendeu o Deputado Sakutala e três meses depois, em Janeiro de 1999, em pleno Congresso da UNITA realizado pela primeira vez em Luanda, prendeu os Deputados Domingos Maluka, Carlos Calitas, Manuel Saviemba, Carlos Candanda, etc. Os outros dirigentes da UNITA que sabiam mexer-se no meio luandense ficaram “em cima do muro” como se diz na gíria e muitos, a contragosto, aliaram-se ao CRU.

O GURN retomou as suas funções na última semana de Setembro de 1998, mas o MPLA negou a presença do Dr. Anastácio Ruben Sicato, pelo que salta à vista, por ter subscrito lealdade a quem o indicou, o Dr. Savimbi, e pela mesma ocasião riscou o nome da lista do GURN, o de João Evangelista “Kalhas” então Vice-ministro da Comunicação Social.

Esta não recondução destes dois dirigentes da UNITA, motivou o descontentamento dos deputados à Assembleia Nacional. O Deputado Abel Epalanga Chivukuvuku da UNITA escolheu a ocasião para em conferência de imprensa informar que cortava todo o contacto com o Dr. Savimbi e que estava indisponível para cooperar com o CRU.

No princípio do mês de Dezembro de 1998 a UNITA estava politicamente transformada numa manta de retalhos: O Presidente Savimbi, a Direcção no Bailundo e nós os dirigentes da Missão Externa da UNITA pressionados pelas sanções da ONU, o CRU embora reconhecido pelo Estado tardava a ser credível e dos 70 deputados da UNITA na Assembleia Nacional 17 estavam no estrangeiro. No Parlamento 16 deputados apoiavam Manuvakola que entretanto retomara o seu acento parlamentar, 16 deputados defendiam a UNITA originária do Dr. Savimbi e os restantes, a maioria, sem Direcção Política, apoiavam Abel Chivukuvuku.

Foi nesse ambiente político que a meados de Dezembro recebi um convite do deputado Manuvakola para participar como delegado no congresso da UNITA que iria realizar-se no princípio do mês de Janeiro. Aceitei o convite mas sugeri que pela importância diplomática da França e pelo número de militantes que havia no país, incluísse mais um delegado. Ele aceitou e foi assim que viajei para Luanda com o Dr. Manuel António Africano que mais tarde se tornaria no Ministro de Geologia e Minas do GURN.

No Congresso de Janeiro de 1999, a UNITA elegeu Eugénio Manuvakola para Presidente, que reconheceu o papel do CRU para manter a UNITA viva nas áreas urbanas e estabeleceu uma linha programática para a legalização da UNITA que excluía o uso da força para a tomado do poder em Angola. Claro que esta atitude da nova direcção da UNITA não agradou às Autoridades Angolanas. A prova disto é a subsequente realização do Congresso da FNLA que apeou a Direcção do Presidente Holden Roberto e a tentativa de implosão dos restantes partidos da oposição, tudo para fazer crer que o MPLA estava por detrás destes actos políticos. Temos por exemplo o caso do PAJOCA (Partido da Juventude e Camponeses de Angola) que detinha a pasta do Secretariado de Estado do Ambiente. Esta pasta manteve-se mas foi retirada do PAJOCA para o MPLA com a nomeação do Dr. Virgílio Fontes Pereira, transformando o antigo titular Dr. David Mendes no mediático advogado dos “pilha galinhas”, que intervinha em todo o território nacional com a sua associação Mãos Livres.

Logo após à eleição de Manuvakola o governo suspendeu por vários meses as verbas do Orçamento Geral do Estado alocadas à UNITA, mas nós continuamos o nosso trabalho político, primeiro para a libertação dos deputados da UNITA presos, depois para retirar o adjectivo “renovada” ligado à UNITA que não passava de um epiteto de colagem ao MPLA. A principal linha política saída do Congresso era a conclusão dos Acordos de Lusaka e a procura do diálogo entre as forças do Dr. Savimbi e as FAA para acabar com a guerra.

Este trabalho continuou até à morte do Dr. Savimbi. É de realçar que nesse espaço de tempo a UNITA passou a gozar de muita simpatia no seio da população Angolana e era um parceiro exemplar no equilíbrio político nacional.

Isso facilitou a inserção dos nossos companheiros que vieram das matas quando órfãos do Dr. Savimbi nas instituições do Estado.

Será que a actual campanha de difamação e calúnia contra o Presidente da UNITA, Engenheiro Adalberto da Costa Júnior, que foi o rosto da Missão Externa da UNITA, que se pronunciou contra o assassinato do Dr. Jonas Malheiro Savimbi, faz parte do plano do Governo Angolano de implosão da UNITA?

Oxalá que não, para que a memória da morte do Dr. Savimbi sirva para que os Angolanos não peguem mais em armas.

Lisboa, 13 de Janeiro de 2021

Assis I. Baltazar Capamba

Ex-Director de Gabinete do Ministro da Hotelaria e Turismo

Ex-Representante da UNITA em França

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