RESUMO DO DEBATE RADIOFÓNICO: O COMBATE À CORRUPÇÃO E A INVERSÃO DE VALORES NO PÓS-INDEPENDÊNCIA


Convidados:Ramiro Aleixo (Jornalista); João Misselo (Consultório Social)

Em ocasião ao 4 de Fevereiro de 1961, início da Luta de Libertação Nacional de Angola, a Omunga no âmbito do programa radiofónico “Corrupção é Crime” trouxe em debate O Combate a Corrupção e a Inversão de Valores no Pós-Independência.

O apresentador, Donaldo Sousa inicia o programa com uma nota introdutória sobre as principais motivações do 4 de fevereiro. Em seguida, pôs em reflexão um dos refrões do Hino nacional: “Pátria unida, liberdade um só povo uma só nação”, tendo em conta a realidade que se vive no nosso país, Ramiro Aleixo começou dizendo como viveu uma parte do período colonial, “esperava o contrário daquilo que já se viveu nos anos anterior, os 45 anos de independência, a forma como foi proclamado e o período de um só partido, embora tenha sido o partido com uma vocação, um grande pendor socialista, tudo isso e a forma como a própria independência ocorreu e o que se seguiu depois do período extremamente crítico que conheceram a nossa história como 27 de Maio, tudo isso é um conjunto de frustrações”, lamentou.

 O jornalista, Ramiro Aleixo justificou ainda o porquê de as pessoas naquela época chegarem ao ponto de muitas vezes entrarem em estado de frustrações, “porque as pessoas que se envolveram na luta de liberdade nacional, tinham um objectivo, que era fazer o melhor para o povo angolano, ou seja, dar mais dignidade ao povo, porque o que se dizia na altura era que os povos angolanos não tinham dignidade, eram explorados, oprimidos. Reiterou, o hino nacional reflete essa vontade de dar o melhor para o povo”.

Entretanto, o também activista social, João Misselo explica que para se conseguir um melhor caminho, a fim de que os objectivos sejam alcançados é necessário muito diálogo e interesse por parte do povo, tendo em conta os objetivos de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e não só.

INVERSÃO DE VALORES NO PÓS – INDEPENDÊNCIA

No que diz respeito a essa temática, João Misselo afirma que após a independência nacional proclamada em 1975, o partido no poder devia ter criado condições necessárias no sentido de fazer uma governação inclusiva, que responde as questões sociais e económica e a promoção do desenvolvimento sustentável.

Para João Misselo existem 3 fases caracterizadas:

1º Período de 1975 a 1992, que foi a fase em que Angola atravessou momentos extremamente difíceis, desde críticas e conflitos por todos os lados.

2º 1992 até 2002, o consultório social afirmou que devido o elevado número de problemas sociais como a questão da corrupção, impunidade, branqueamento de capital e outras práticas negativas que se registavam naquela altura, fazia com que os cidadãos olhassem tais actitudes como meramente normal.

OS ACTORES SOCIAIS

Devido aos males acima referidos, João Misselo acredita que os tais tenham influenciado negativamente na execução dos trabalhos exercidos pelos defensores dos Direitos Humanos. “Daí que os actores sociais que promoviam a cidadania trabalhavam n3.a promoção dos direitos humanos, naquele mesmo contexto tinham dificuldade de trabalhar, de não contextualizar aquilo que é acção dos activistas sociais, era aquilo que se vivia no momento, porque o sistema do país admitia essa realidade”.

Porém, fez saber que no 3º período, isto é, 2002 até 2017 foi formalizada a prática desses males, particularmente a questão da impunidade e da corrupção, “diria que é um período em que se consolidou o processo da impunidade e da corrupção de uma forma institucionalizada, não está afirmado por um relatório, mas do ponto de vista de comportamento, da ética e administração pública”, sublinhou.

Como conclusão, o consultório Social, João Misselo defende que é extremamente importante traçar pontos estratégicos para o combate a corrupção.

O jornalista, Ramiro Aleixo é apologista ao admitir que a houve falhas no pós-independência, ou seja, “faltou comprometimento e identidade” com isso, terá deixado o país viver no actual estado crítico pelo qual observamos.

Continuou, deve haver “identidade por parte de quem assume o poder, tem que ter a obrigação de fazer melhor as coisas para todo o povo, se a pessoa assume o poder tem que ter um objetivo”, finalizou.

COMBATE A CORRUPÇÃO

No que toca ao Combate a Corrupção no contexto actual, João Misselo levantou alguns pontos que segundo conta é de carácter indispensável, exemplificando sobre as estratégias que existem a nível do nosso executivo sobre esse assunto no seio dos sectores da Justiça, Educação; Saúde; Segurança Alimentar; Habitação e outros.

Já no ponto de vista de “consistência no alcanço dos indicadores”, o consultório social afirmou ser positiva pelo facto de se alargar espaços de debates sobre os efeitos e as causas da corrupção.

Na visão de Brais Graciano radiouvinte, assegura que a solução para acabar com a corrupção no nosso país é mudança de política.

Segundo Ramiro Aleixo existem três níveis de corrupção em angola: poder central; médio e baixo. Portanto, diz “o que é mais visível em Angola é o nível baixo, a população hoje tem menos recurso, algumas coisas efetivamente vão se organizando por força de banalização de serviços”, fez saber.

Ressaltou ainda que a Corrupção é um círculo que se precisa terminar com um esforço superior do próprio governo a quem governa, “tem que seguir as regras sem exceções, desta lei não há favoritismo para ninguém”.

Texto: Feliciana Mussunda

Revisão: Luísa Nambalo

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