OMUNGA E OUTRAS ORGANIZAÇÕES DÃO NOTA NEGATIVA SOBRE O QUADRO SANITÁRIO DOS REFUGIADOS EM ANGOLA


“O PODER POLÍTICO NÃO MOSTRA VONTADE SOBRE A SITUAÇÃO DOS REFUGIADOS E MIGRANTES”

Por: Edmilson João – Estagiário de Comunicação Social

A Rede de Protecção Ao Migrante e Refugiado, realizou a 4ª conferência sobre a Saúde dos Refugiados: Impacto da Covid-19 e doenças negligenciadas, no salão nobre da Universidade Católica de Angola, em Luanda.
Com o referido evento, pretende-se chamar atenção das entidades competentes sobre a situação real dos refugiados e migrantes quanto ao quadro sanitário.


Em entrevista à Omunga, o representante da Organização Mundial da Saúde, Nzuzi Katondi refere que a OMS catalogou vinte doenças tropicais negligenciadas, dentre as vinte, Angola tem 14 doenças listadas. Nzuzi Katondi, salienta que mais de 53 mil refugiados Ruandeses e Congoleses estão em situação de risco.


Por sua vez, Laura Macedo assistente do Projecto “Documentos para Todos”, afecto a Omunga e financiado pela UE, avalia negativamente a situação da saúde dos refugiados. “A situação é péssima, há pouca assistência médica, e os refugiados têm ainda receio de se deslocar aos hospitais públicos por conta da forma menos boa que eles são tratados e atendidos”. Laura Macedo diz ainda que o poder político não mostra vontade com a situação dos refugiados e migrantes. Justificando, “há vários anos que não se resolve a situação dos documentos para os refugiados.” Lamentou.


Por outro lado, o líder da comunidade Ruandesa, Mugenzi Joseph em entrevista concedida a Omunga, faz uma avaliação negativa sobre o estado de saúde da sua comunidade. ” O estado actual da saúde dos Ruandeses é muito mal, encontramos muitas doenças, fizemos tudo e não conseguimos uma solução para resolver as enfermidades que estão a nos afectar.” O Líder conta-nos ainda que se fez uma análise da situação que tem a ver com as idades, segundo conta constatou-se que a faixa etária mais afectada é a dos mais velhos, apesar que também há crianças em riscos, onde as doenças mais comuns que se identificaram é a Malária, feridas crónicas, hipertensão, tuberculose e diabete.


Já no ponto de vista do médico, Dikizeko Makutima, este que por sua vez acompanha directamente os Refugiados sob o apoio dos Serviços Jesuítas aos Refugiados (JRS) afirma também que o estado de saúde dos mesmos carece de cuidados especiais e de consultas específicas. O responsável apela ainda as autoridades a reabilitarem o centro da comunidade de refugiados de Viana, a fim de minimizar o sofrimento dessa franja da sociedade. “Com a reabilitação deste centro vai se evitar as idas as clínicas, que de certa maneira é muito gasto,” finalizou.


A conferência contou com dois painéis de moderação, onde o Dom Zeferino Zeca Martins proferiu o discurso da abertura.


O primeiro painel completou-se com a presença do representante da Organização Mundial da Saúde, Nzuzi Katondi que falou da situação das doenças negligenciadas em Angola, projectos de atenção aos refugiados, bem como da presença do Membro da Comissão Episcopal da Pastoral da Saúde da CEAST, Miguel Gaspar, que abordou sobre o Impacto da Pandemia, endemias e doenças negligenciadas na saúde física, mental, social e espiritual dos refugiados em Angola.


Já segundo painel, prendeu-se sobre as principais doenças e os desafios, onde os líderes das comunidades Ruandesa, Mugenzi Joseph, e o da Comunidade Congolesa, Mahamba Jean, e o Médico em representação do JRS, Dikizeko Makutima, tiveram uma abordagem minuciosa sobre o tema em realidades diferentes.
Lembrar que a Rede anualmente organiza uma conferência para tratar assuntos sobre a situação dos refugiados e Migrantes. E neste ano, o tema prendeu-se sobre a Saúde dos Refugiados: Impacto da Covid e as doenças negligenciadas.

Luanda, 25 de Outubro de 2021

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